Sobre o Dadaísmo

Fundado na neutra Zurique, em 1916, por um grupo de refugiados da Primeira Guerra Mundial, o movimento dadá tomou seu nome de uma palavra nonsense. Em seus sete anos de vida, o Dadaísmo muitas vezes parecia mesmo sem sentido, mas tinha um objetivo de não-sem-sentido: protestava contra a loucura da guerra. Nesse primeiro conflito global, anunciado como "a guerra para acabar com todas as guerras", dezenas de milhares morriam diàriamente nas trincheiras para conquistar uns poucos metros de terra calcinada e em seguida eram forçadas a recuar pelos contra-ataques. Dez milhões de pessoas foram massacradas ou ficaram inválidas. Não admira que os dadaístas achassem que não podiam mais confiar na razão e na ordem estabelecida. Sua alternativa foi subverter toda autoridade e cultivar o absurdo.

O Dadaísmo foi uma atitude internacional, que se expandiu de Zurique para França, Alemanha e Estados Unidos. Sua principal estratégia era denunciar e escandalizar. Uma noite dadaísta típica contava com diversos poetas declamando versos nonsense simultǎneamente em línguas diferentes e outros latindo como cães. Os oradores lançavam insultos à platéia, dançarinos com trajes absurdos adejavam pelo palco enquanto uma menina de primeira comunhão recitava poemas obscenos.

Os dadaístas tinham um objetivo mais sério do que causar escândalo: queriam acordar a imaginação. "Falamos do Dadá como de uma cruzada para a conquista da terra prometida da Criatividade", disse o pintor alsaciano Jean Arp, um dos fundadores do movimento.

(Retirado de: Arte comentada: da pré-história ao pós-moderno / Carol Strickland; tradução Angela Lobo de Andrade. - Rio de Janeiro: Ediouro, 2002. Tradução de: The annoted Mona Lisa.)


Palavras de Tritan Tzara, um dos fundadores do movimento:

"Eu redijo um manifesto e não quero nada, eu digo portanto certas coisas e sou por princípios contra manifestos (...). Eu redijo este manifesto para mostrar que é possível fazer as ações opostas simultaneamente, numa única fresca respiração; sou contra a ação pela contínua contradição, pela afirmação também, eu não sou nem para nem contra e não explico por que odeio o bom-senso."

"Dada não significa nada: Sabe-se pelos jornais que os negros Krou denominam a cauda da vaca santa: Dada. O cubo é a mãe em certa região da Itália: Dada. Um cavalo de madeira, a ama-de-leite, dupla afirmação em russo e em romeno: Dada. Sábios jornalistas viram nela uma arte para os bebês, outros jesus chamando criancinhas do dia, o retorno a primitivismo seco e barulhento, barulhento e monótono. Não se constrói a sensibilidade sobre uma palavra; toda a construção converge para a perfeição que aborrece, a ideia estagnante de um pântano dourado, relativo ao produto humano."